VIVÊNCIAS PEDAGÓGICAS DO GESTAR II / BAHIA: REGISTRO REFLEXIVO DA SEMANA DE FORMAÇÃO DA UNB

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

REGISTRO REFLEXIVO DA SEMANA DE FORMAÇÃO DA UNB – 03 a 08 de AGOSTO (2ª SEMANA)

REGISTRO REFLEXIVO DA SEMANA DE FORMAÇÃO DA UNB – 03 a 08 de AGOSTO (2ª SEMANA)
A formadora, Rosa Olímpio, nesta semana, orientou os estudos dos TP’s 01, 02 e 06. Ela iniciou as atividades contando uma história cuja ênfase era a perspectiva da diversidade lingüística, cultura e sociedade. Foi um dos momentos de muita sensibilidade entre os professores formadores. Este é um dos traços do programa: a emotividade.
Os momentos com atividades lúdicas e as dinâmicas estavam aliadas as perspectivas teóricas presentes nos TP’s. O programa GESTAR II promove o estabelecimento concreto da relação teoria e prática com muita sutileza, suprindo uma lacuna nos cursos de licenciatura que o mais das vezes só prioriza um desses elementos. Esse contexto pode ser comprovado através das oficinas realizadas pelos depoimentos feitos pelos cursistas.
A formadora apresentou um vasto material de apoio pedagógico ao planejamento das oficinas os quais poderiam servir ora como ilustrações ora como fonte de referência para aprofundamento teórico. Esse material foi disponibilizado em CD para todos os cursistas.
Nos momentos finais da formação, a formadora utilizou a estratégias de criação de diversas oficinas que foram apresentadas pelos diversos grupos formados em forma de “Seminários” na própria sala de aula. Nesse ínterim, a formadora promoveu um momento de interação com os demais formadores da Bahia para socialização das propostas emergidas dos estudos nos seminários.

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Memorial – primeiras recordações

Meu primeiro contato com escola ocorreu aos três anos de idade, segundo informações do meu pai. Acho talvez por isso tenha sido tão levado e aprontava muito na escola. Tinha muita energia. Meu diário escolar estava sempre rabiscado pela professora com muitas observações. Vagamente lembro que tais registros eram sempre marcados pela cor vermelha. Tinha raiva da cor vermelha. Provavelmente, para destacar minha atuação na sala de aula. Aprendia muito rápido o que era proposto pela professora e o tempo tornava-se ocioso e deveria ser preenchido de alguma forma. Recordo-me de algumas passagens quando saia com meu pai ele costumava me perguntar os nomes nos letreiros dos ônibus, das lojas. Lembro que olhava para as palavras e juntava silabas para pronunciá-las. Logo em seguida recebia um elogio e ficava todo orgulhoso e satisfeito. Provavelmente o método de alfabetização utilizado no meu processo de aquisição da escrita foi o da perspectiva tradicional, paradigma vigente da época. Não tenho lembranças de cartilhas, mas recordo-me de atividades mimeografadas que eram entregues ao final de cada período de estudo. Era uma constante o trabalho realizado porque priorizava o domínio do código escrito. As aulas de leitura não passavam de processos de decodificação de escritas. Elas eram chatas e repetitivas, não tinha sentido ficar lendo, relendo e “rerelendo” o mesmo texto, quando não coincidia o mesmo parágrafo. Era exaustivo para uma criança, como eu, muito ativa. Tinha muita preguiça em fazer as leituras da forma como a professora queria. Era mais divertido em casa porque minha mãe colecionava revistas do tipo fotonovela. Eu me envolvia com aquelas histórias que aliavam os textos verbal e não-verbal. Ela, apesar de pouca escolarização, gostava de ler tanto as fotonovelas quantos romances das coleções “Júlia”, “Sabrina” entre outras do segmento. Alem dessas, eram outras leituras dela as do gênero receita culinária. Era uma doceira de primeira mão. Eu tinha um papel muito importante nesse processo: era o ajudante com a função de leitor dos ingredientes e do modo de fazer. Aprendi a fazer muitos quitutes nessa época, lendo e observando. Isso aconteceu com muita freqüência porque ela comercializava os produtos. Interessante, hoje tenho uma facilidade muito grande para interagir com receitas na cozinha. Havia outro contexto marcante com relação às leituras. Quando viajava de férias para a casa de minha tia Lêda, lia muitos livros de literatura infantil clássica. A estante da casa dela tinha vários desses livros. Eu sabia que não era para mexer para não desarrumar a sala, mas retirava-os cuidadosamente para que ela não percebesse. Os livros eram ilustrativos e extrapolei fronteiras com as histórias da bela adormecida, cinderela, Rapunzel, branca de neve, chapeuzinho vermelho entre outros. Interessante, é que os lia várias vezes, duas, três, não importava. Gostava. Em casa só havia livros de receitas culinárias, não existia outros segmentos para que eu pudesse me expor para eles e eles para mim. Minhas experiências surgiam extra lar. Minha tia avó Die gostava de me contar histórias inventadas por ela na hora de dormir. Isso me fazia adormecer rapidamente e sem medo. Minha mente era muito fértil. Já com minha avó, pedia lhe que contasse as histórias dos nossos antepassados, ficava fascinado com a forma como ela narrava, parecia tão reais, tão verdadeiras, a verossimilhança dava uma conotação de ficção extraídas dos livros. Meu mundo imaginário era um mundo mágico onde tudo era possível.
Durante o período em que cursei o ensino fundamental e médio só fiz leituras de livros didáticos. Até mesmo nas aulas de literatura, lia os resumos dos clássicos. Pena! Que pena! Meus professores privilegiavam os estudos das escolas literárias em detrimento da leitura dos livros, do contato com eles. Vez por outras, ficava no Gabinete Português encantado com o mundo livros que lá existia. Geralmente, chamava meus colegas para irem comigo para fazer pesquisas. Ali era o lugar mais apropriado para buscarmos novidades que iriam compor os nossos trabalhos. Bem, mas quando fui estudar na Escola Técnica Federal Agrícola em regime de internato tive a oportunidade de estudar com a professora Solange da disciplina de literatura e língua portuguesa. Ela me estimulou a ler livros – e a todos da turma – da literatura clássica. Ela falava das histórias com tanta propriedade, com tanta carga emotiva que motivava curiosidade. O jeito doce, delicado e meigo dela me convidada a superar as fronteiras, para vislumbrar novas fronteiras as quais deveriam ser, novamente, superadas, num movimento circundante e infinito. Nesse período, li escrava Isaura, dom casmurro, inocência, helena, Lucíola, a moreninha, senhora, memórias do sargento de milícias. Alcei vôos fazendo leituras que extrapolavam as leituras clássicas como “Olga Benário Prestes” e “Brasil, nunca mais”. Esse dois livros foram fundamentais para a minha formação enquanto sujeito em processo de politização. Vivia engajado nos movimentos estudantis. Quando fazia o curso de letras, na Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus-Bahia, as leituras obrigatórias dos romances e a necessidade de se fazer análises exaustivas, faziam-me afastar do meu prazer com as narrativas. Lia pela obrigação, para alcançar os créditos das disciplinas. Interessante, um objetivo que não valorizava o prazer, mas produtividade. Começava meu “desaprendizado da leitura com sabor”. Nesse mesmo período, lecionava em turmas de 5ª série do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio da rede pública. Era muito difícil conciliar universidade X trabalho, entretanto a necessidade era gritante. Estabeleci como meta de trabalho que meus alunos lessem pelo menos três para-didáticos no ano letivo. Precisa fazer isso de forma que não transformasse a leitura em ditadura nem perdesse o sabor. Fiz uso de diversas estratégias como dramatização, momento da contação de histórias, seminários, reescrita das narrativas entre outros. A maioria dos alunos gostava e ficava na expectativa do próximo acontecimento. Conseguia com meus alunos superar minhas frustrações em relação aos estudos da universidade. Hoje me deparo em um contexto em que as perspectivas de leitura dos alunos são as mais diversificadas possíveis. Vivo um momento de busca de identificação das leituras dos alunos: o que eles estão lendo? Que tipo de textos tem despertado o interesse deles? O meu desafio como professor de leitura e escrita é descobrir o que de fato podem desencadear motivações de modo que possa traçar estratégias cognitivas, metacognitivas e de planejamento de leitura e escrita para a construção da autonomia no processo contínuo de letramento.
Em outro momento, continuarei acrescentando mais pontos a essas memórias que não se esgotaram e nem se esgotarão...

SEQUÊNCIA DIDÁTICA "NARRADORES DE JAVÉ"

SEQUENCIA DIDÁTICA DO FILME “NARRADORES DE JAVÉ”
1. Tema da aula: QUEM CONTA UM CONTO... (GÊNEROS TEXTUAIS – CONTO)
2. Objetivos:
· Reconhcer o gênero conto no universo de gêneros textuais apresentados;
· Identificar os elementos constitutivos gênero conto;
· Transcrever relatos orais, com base em depoimentos;

· Adaptar a transcrição dos relatos ao gênero conto;

· Refletir sobre a importância da leitura e da escrita nas relações sociais.

3. Série: 8ª Série ou 9º ano do Ensino Fundamental
4. Carga horária: 10h
5. Metodologia:
Antes da leitura
Projetar o título (ou escrevê-lo na lousa) do filme e levantar as hipóteses dos alunos sobre o tema;Levantar o conhecimento prévio sobre o tema (O filme ressalta a importância dos relatos orais e da escrita no resgate da memória de um povo);
Contextualizar a problemática cinematográfica (o drama relaciona-se ao ensino de língua, destacando a importância do falar e escrever, e da atuação dos sujeitos como autores da própria história), enfatizando alguns questionamentos: que intenção e a quem se destina.
Durante a leitura

Organizar a turma em grupos, fazendo caber a cada um a leitura de um dos contos selecionados para posterior apresentação;
Após cada apresentação, ajude-os a identificar os aspectos singulares e gerais dos contos;
Assistir ao filme “Narradores de Javé”, dirigido por Eliane Caffé;
Orientar os alunos que realizem gravações em vídeo ou fita cassete de “contações” de histórias (causos) de pessoas do bairro.
Propor a transcrição dos contos gravados e, em seguida, selecionar os que eles acharem mais interessantes para compor a coletânea;
Depois, orientar a adaptação para a modalidade escrita da linguagem;
Em seguida, o grupo escolherá o título para as produções elaboradas;
Os grupos realizarão a apresentação dos contos;
Propor a leitura autônoma dos contos, solicitando que registrem como as protagonistas demonstram sabedoria para lidar com as situações adversas da vida;
Solicitar que os alunos identifiquem os elementos que o compõem o gênero conto (personagens, foco narrativo, enredo, tempo e espaço da narrativa) e explorar as relações entre esses elementos para a construção de sentido do texto;Depois da leitura
Retomar os contos estimulando a paráfrase oral como forma de verificar a compreensão;
Localizar os elementos constitutivos do conto nas diversas produções dos grupos, caracterizando-os;
Solicitar aos estudantes que escolham um dos contos para reescrever, mudando o foco narrativo;
Utilizar estratégias de diversificação de leitores dos contos durante o processo:
· O professor lê para os alunos;
· Um aluno, previamente selecionado, lê para a classe;
· Alunos, previamente selecionados, lêem para colegas organizados em grupos;
Criar uma ficha para que o aluno registre os textos lidos na atividade proposta, de modo que fomente o hábito de realizar o “registro” escrito das leituras que venha a realizar;
Promover uma discussão sobre a importância de relatos orais e escritos no resgate da memória de um povo.

6. Recursos:
· dvd;
· filme “narradores de javé”;
· livro com coletânea de contos;
· revistas;
· papel ofício;
· TV pendrive;
· Pendrive;
· Folhas de flip-chart;

7. Fechamento – produção: Exposição da coletânea de contos “QUEM CONTA UM CONTO...” na biblioteca da escola para divulgação dos textos produzidos.

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